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João Gomes de Lemos 4º senhor da Trofa (1559) JOÃO GOMES DE LEMOS, 4º senhor da Trofa, Álvaro, Pampilhosa, Jales e Alfarela, por carta de confirmação de 1559 de D. Sebastião. Sucedeu ainda como 6º morgado do Calhariz e senhor da honra e torre de Silva. Nasceu cerca de 1504, esteve no norte de África, nomeadamente como capitão em Tânger, tendo falecido em 1575, com cerca de 71 anos de idade. A 16.1.1526 a João Gomes de Lemos, filho de Duarte de Lemos, recebeu 7.500 reais de seu corregimento de escudeiro (Ementas, 1, 157v). Em 1537 já era cavaleiro fidalgo da Casa de D. João III, com 2.160 reais moradia mensal e um alqueire de cevada por dia. Foi ainda cavaleiro da Ordem de Cristo e nesta ordem comendador de Castelejo. Ainda seu pai era vivo, João Gomes de Lemos teve uma demanda com o infante D. Henrique, então arcebispo de Évora e comendatário do mosteiro de Pedroso, sobre uns casais e prazos do dito mosteiro, questão sobre a qual ficou vária documentação entre 1541 e 1456.
João Gomes de Lemos casou a primera vez cerca de 1539 com D. Leonor Pinheiro (a), nascida em Setúbal cerca de 1522, irmã do doutor Miguel de Cabedo, escritor e celebre humanista, ministro de D. Sebastião, desembargador da Casa da Suplicação (1565) e dos Agravos (1575), etc., e do Doutor João Pinheiro (1521-1562), famoso humanista dominicano que esteve no Concílio de Trento, onde foi nomeado bispo de Viseu mas faleceu em Roma pouco depois, lente de Vésperas (23.3.1558) e vice-reitor da Universidade de Coimbra (1560), tendo-se formado em Jurisprudência pela Universidade de Toulouse e doutorado em Teologia pela Universidade de Paris, e tia do Doutor Jorge de Cabedo, do Conselho de Estado de Portugal na corte de Madrid, chanceler-mor do reino, guarda-mor da Torre do Tombo, lente opositor na Universidade de Coimbra, desembargador dos Agravos, etc. D. Leonor Pinheiro era filha de Jorge de Cabedo, embaixador a Paris, e de sua mulher Teresa Pinheiro, que sucedeu no morgadio e capela dos Pinheiro em Setúbal. A 6.3.1539 D. João III mandou Gabriel de Almeida pagar por inteiro a Tereza Pinheiro, mulher que foi de Jorge de Cabedo, e a seus filhos, todo o dinheiro que no dito Gabriel de Almeida foi despachado no ano de 1538, sem do mesmo dinheiro se lhe tirar o 1 por cento. Teresa Pinheiro era irmã do célebre bispo de Viseu (1553) D. Gonçalo Pinheiro, protector de Luiz de Camões, que antes foi desembargador do paço e fidalgo capelão de D. João III (ver as minhas Reflexões sobre a origem dos Pinheiro, de Barcelos ►). Seu marido Jorge de Cabedo era filho de Diogo Dias de Cabedo, fidalgo da Casa Real, que viveu em Setúbal, e neto de Diogo de Quevedo (em Portugal chamado Cabedo), fidalgo asturiano que acompanhou a Portugal o infante D. Pedro. Gaio diz que este Diogo de Quevedo foi tomado como vassalo do infante D. Fernando, com 4.900 reais de moradia, por carta de 12.1.1406, e que era da casa e morgado de Ilaredo, no vale da Gincha, junto do lugar de Santa Olalha. Tereza Pinheiro e seu irmão o bispo
D. Gonçalo eram filhos de João Pires (Menagem), secretário do condestável,
que parece ser o "João Pires, do Priol", que
em 1469 era cavaleiro fidalgo da Casa Real com 750 reais de moradia, e
de sua mulher Leonor Rodrigues Pinheiro. Esta Leonor era filha de Gonçalo
Rodrigues de Carvalho e de sua mulher Tereza Pinheiro, sendo esta filha
de Martim Trigo, de Setúbal, e de sua mulher Ana Pinheiro, filha de Estêvão
Anes Pinheiro, que viveu na vila de Setúbal e foi criado do infante D.
João (filho de D. João I), e de sua mulher Estefânia Lourenço, filha
de João Lourenço Casado e irmã de Estevainha Lourenço, mulher de Lourenço
Pires Pinheiro. Estevainha Lourenço instituiu em Setúbal a 19.8.1449 uma
capela de seus bens chamada da Pipa, e chamou para administradora dela
sua sobrinha homónima casada com Estêvão Anes Pinheiro, e declara nesta
instituição que este era sobrinho de seu marido Lourenço Pires Pinheiro.
O documento da instituição diz Gaio que se conservava em pergaminho no
cartório de Jorge de Cabedo de Vasconcellos, que era administrador legítimo
da dita capela. Àquele João Pires, secretário do condestável, a 29.1.1477
D. Afonso V doou uma tença anual de 3.000 reais de prata, a partir de
1 de Janeiro de 1477, tença que era de seu pai Pedro Fernandes, que pedira
ao monarca para a passar ao seu filho. Este Pedro Fernandes, morador em
Alcácer do Sal e tesoureiro da infanta D. Filipa (filha de D. Duarte),
ainda vivia a 31.10.1481, pois deve ser o referido nesta data, quando
D. João II perdoou a justiça régia pela fuga da prisão e dá carta de segurança
a Afonso Dias, tabelião em Alcácer do Sal, acusado por Pedro Fernandes,
morador nesta vila, de falsificar uma escritura no livro das querelas,
tendo pago 1.000 reais para a Piedade. De João Pires foi irmão mais novo
Manuel Fernandes Menagem, capitão de uma nau da armada da Índia de 1505,
que se notabilizou na defesa de Sofala e teve carta de armas novas (Menagem)
em Junho de 1512 e foi guarda-roupa do infante D. Luiz. Aquele Pedro Fernandes
era filho de Afonso Fernandes, secretário da rainha D. Filipa de Lencastre,
que se notabilizou na defesa de Alcácer do Sal pelo mestre de Avis. Segundo
Gaio, o João Pires casado com Leonor Rodrigues Pinheiro teve um irmão
homónimo, comendador de Alcácer, que casou com D. Felipa da Rosa, filha
de Francisco de Sande, conforme "se provou a 30 de Março de 1604
na vila de Alcácer para haver de entrar no convento de Araceli da vila
de Alcácer no Lugar de Freira que Instituiu no dito Convento para uma
sua parente o Dz.or do Paço Diogo Lameira". FILHOS DO 4º SENHOR DA TROFA
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