regresso à bibliografia

 Manuel Abranches de Soveral

 

 

 

Leitão

Linha ascendente dos senhores do paço da Torre de Figueiredo das Donas

Escudo de armas dos Leitão (infografia do autor)

1.           Martim Peres "Leitão", cavaleiro, tido como o 1º deste nome, devido certamente a alcunha. Nas inquirições de 1258 aparece como Martim Leitão, sendo senhor de uma quintã honrada em Lodares (Sancte Marine de Lodares ... dixit quod propter Martinum Leitom, qui tenet ibi unam quintanam) e co-senhor da honra de Sequeiros, em Lodares (Lousada), onde tinha quintã. Eram co-senhores desta honra D. Gil Martins de Riba de Vizela e D. Fernando Nunes "Revelado", certamente parentes. No séc. XI esta honra de Sequeiros pertencia aos Souza, de quem Martim Peres Leitão deve descender. Nas inquirições de 1288, tinha já falecido, na freguesia de Santa Marinha de Lodares, no julgado de Lousada, são referidas a quintã que chamam de Lodares que foi de Martim "Leitom" e a que chamam de "Joyan" que foi de seu irmão Estevão Peres, as quais honravam os lugares de Lodares, Pousada e Souto. E na freguesia de S. Martinho de Vila de Moinhos, no julgado de Penafiel, as mesmas inquirições dizem que Martim Leitão tinha tido aí uma quintã honrada, bem com a quintã honrada de Boelhe, na freguesia de S. Gens de Boelhe, no mesmo julgado, que trazia honrados os lugares de Boelhe, Barros, Outeiro, Amela e Bouça, sendo aqui referido como Martim Peres, cavaleiro. A posse destas honras, nomeadamente a de Lodares, vem confirmar a informação genealógica, segundo a qual Martim Peres Leitão era filho de Pedro Martins de Lodares e de sua mulher Sancha Peres de Valdomar. O conde D. Pedro começa nele a linhagem dos Leitão, chamando-o Martim Leitão de Lodares. Como também se verifica, apenas Martim se documenta como Leitão, e não seu irmão, o que fundamenta a ideia de que foi ele o 1º desta linhagem a usar esta alcunha ou chamadouro, que seguiu na sua descendência. Sendo de referir que leitão (o animal) nas inquirições de 1258 aparece escrito leitonem e o nome de Martim aparece no mesmo texto escrito Leitom, o que não é portanto a mesma coisa. Acresce, também, que há notícia de um Paio Leitão, anterior, que testemunhou numa venda de 1192 a Santa Cruz de Coimbra. Deve contudo tratar-se de alguém com a mesma alcunha, sem qualquer ligação. Sendo de salientar que o nome/alcunha Leitão foi também usado por indivídos que claramente não pertenciam a esta linhagem, como é o caso do plebeu Vicente Leitão, que com sua mulher Catarina Savasanches, moradores em Lisboa, em 1327 aforam a D. Afonso IV uma tenda com sobrado na rua de S. Nicolau desta cidade por 16 libras anuais. Martim Peres Leitão casou com Tereza Rodrigues de Urrô, senhora das quintãs de Urrô e Pereira, falecida em 1317, filha de Rui Dias de Urrô, senhor das quintãs de Urrô e Pereira, e de sua mulher Tereza Fernandes de Novais, senhora da quintã de Macinhata (Feira). O conde D. Pedro dá duas filhas homónimas a Rui Dias de Urrô, ambas chamadas D. Tereza Rodrigues, uma legítima e outra ilegítima, dizendo que a legítima casou com Martim Leitão e a ilegítima com seu parente D. Simão, sendo pais de Fernão Simão de Urrô, que genealogias posteriores dizem avô paterno de Lopo Esteves de Urrô. E, de facto, um Lopo Esteves de Urrô teve a 24.9.1384 confirmadas pelo rei as suas quintãs de Urrô, Pereira e Mouriz, no julgado de Aguiar de Sousa, as quais "suas qujntaas e os coutos dellas e honrras foram sempre coutados e onrrados e priujllegiados E que se costumou sempre em tempo de seu padre e de seus auos e de seu tio Johan eannes e dos outros ante del". Entende-se, portanto, que o dito D. Simão foi o seu 1º marido. A honra de Mouriz aqui referida sabemos que ficou para a tia paterna desta Tereza Rodrigues, e que se manteve na sua descendência pelo menos até Estêvão Dias de Avelar, cujos filhos não a parecem ter herdado, pelo que terá sido este Estêvão Dias a vendê-la a seu primo, o referido Fernão Simão de Urrô. Contudo, a posse das quintãs de Urrô e Pereira em Lopo Esteves de Urrô, sucessor da D. Tereza Rodrigues que o conde D. Pedro diz filha ilegítima de Rui Dias de Urrô, não confirma esta informação. Na verdade, julgo que existiu apenas uma D. Tereza Rodrigues, que casou a 1ª vez com seu primo D. Simão, de quem teve Fernão Simão de Urrô, que naturalmente foi seu sucessor, e depois casou com Martim Peres Leitão.

1.1.    Gonçalo Martins Leitão, que segue

1.2.    Fernão Martins Leitão, referido nas inquirições de 1288 como senhor da quintã honrada de Santa Cruz na freguesia de São Mamede de Canelas, no jugado de Penafiel, que certamente tinha por sua mulher, embora isso não seja dito nas inquirições. Casou com Maria Martins de Canelas, filha de Martim Soares (da Maia), o de Canelas, senhor da honra de Canelas por sua sua mulher (Maria) Fernandes de Canelas.

1.3.    Rui Martins Leitão. Deve ser pai de:

1.3.1.    (?)Pedro Rodrigues Leitão, cavaleiro. Casou com Urraca Giraldes, e foram pais de:

1.3.1.1.     João Pires Leitão, cavaleiro, morador no termo de Santarém, todos (ele, os pais e a irmã) documentados em 25.6.1334 por via de uma herdades reguengas que tinham no termo de Santarém. Sendo solteiro, de mulher também solteira, que não é nomeada na carta, teve um filho chamado Rodrigo Anes Leitão, legitimado por carta real de 6.8.1394.

1.3.1.2.     Tereza Rodrigues Leitão, documentada com seu irmão.

1.4.   Pedro (Martins) Leitão. Deve ser o Pedro Leitão que a 16.4.1313 tinha uns foros em S. Paio de Midões (Barcelos).

1.5.    Joana (Martins) Leitão, que o conde D. Pedro não refere. Casou com João Mendes de Aguiar, que o conde D. Pedro também não refere e seria irmão de Pedro Mendes de Aguiar.

1.6.    João Martins Leitão, cujo filho Pedro Anes foi legitimado por D. Dinis (CDI, 3, 7v).

 

2.           Gonçalo Martins Leitão, nascido cerca de 1255 e falecido depois de 1290, que deve ter sucedido a seu pai na quintã de Sequeiros. Nas inquirições de 1288 diz-se que o fidalgo Gonçalo Leitão tinha a honra de Avranga na freguesia de S. Martinho de Armil, no julgado de Montelongo (Fafe), e que trazia por honra dois casais no lugar da Retorta Velha, em Guilhufe (Penafiel), foreiros um a Bustelo e outro a Cete, que o rei em 1290 mandou devasar. Casou com Maria Esteves Falacheira, segundo o conde D. Pedro.

2.1.    D. Martim Gonçalves Leitão, que segue.

2.2.    D. Estêvão Gonçalves Leitão, que sucedeu a seu irmão como 4º mestre da Ordem e Cristo (1335-1344). Foi grande guerreiro e contribuiu imenso para a prosperidade temporal da ordem, reclamando bens que tinham pertencido aos Templários e que deviam ser para o cavaleiros de Cristo, segundo as intenções do fundador D. Dinis. Esteve na batalha do Salado (1340). Aparece nas genealogias como trinchante da rainha D. Beatriz (1383), mas é confusão, provavelmente com o filho. As genealogias dizem ainda que se criou em casa de seu tio João Simão de Urrô, que matou seu primo Estêvão Fernandes de Urrô, foi mestre da Ordem de Cristo e venceu os castelhanos perto de Braga (1336), tendo estado em Tarifa (1340). De Maria Anes teve o único filho documentado em fonte primária:

2.2.1.    Gonçalo Martins Leitão, legitimado por carta real de 6.6.1338. Homónimo de seu avô paterno. Não terá tido geração, pois seu primo Vasco Martins Leitão parece que recebeu de D. João I terras que tinham sido de seu tio D. Estêvão.

2.2.2.    Estêvão Leitão, não legitimado. Vem indicado por Fernão Lopes. Deve ter sido trinchante da rainha D. Beatriz (1383), cargo que as genealogias atribuem a seu pai, o que é cronologicamente impossível (mesmo para este é tardio). Casou com uma filha de João Anes da Cunha, cavaleiro e alcaide de Óbidos (era-o em 1329), e de sua mulher Marquesa Pires de Lisboa (filha de um vilão aragonês), já casados em 1314.

2.2.2.1.      Vasco Leitão, referido por Fernão Lopes como apoiante do mestre de Aviz, dizendo-o filho de Estêvão Leitão e neto do mestre D. Estêvão. Terá nascido cerca de 1340.  

2.2.3.    (?)João Esteves Leitão, não legitimado, mas que deve também ser filho de D. Estêvão, a avaliar pelo patronímico. Era cavaleiro da Ordem de Santiago quando testemunhou em Setúbal a 26.4.1341. Docomentado João Leitão, freire da Ordem de Santiago, em 1340 (CAIV, 4, 78).

2.3.   Joana Gonçalves Leitão, que o conde D. Pedro dá como filha de Gonçalo Martins Leitão e diz ter casado com Afonso Mendes de Penha Darga, sendo pais de D. João Afonso, mestre da Ordem de Avis, de D. Afonso, freire da Ordem de Cristo, e de D. (Filipa) Afonso, mulher de Pedro Martins Machado, senhor da torre de Geraz, da honra de Pinho (Boticas), etc.

2.4.    (N) João Gonçalves Leitão, legitimado por carta real de D. Dinis (CDI, 3, 7v).

 

3.           D. Martim Gonçalves Leitão, 3º mestre da Ordem de Cristo (1327-1335), grande guerreiro cuja coragem D. Afonso IV muito apreciava. Terá nascido cerca de 1280. Antes de ingressar na Ordem de Cristo, sendo ambos solteiros, de Inez Vasques, filha de Vasco Pires, provável senhor de Vila Verde de Francos, teve o único filho documentado, legitimado por carta real após a sua morte. Diz esta carta de D. Afonso IV que Vasco Martins Leitão era filho de Martim Gonçalves, mestre que foi da Cavalaria da Ordem de Cristo, e de Inez Vasques, filha de Vasco Peres, "seendo esse Martim gluiz solteiro no seendo en ordj E ssendo anbos solteiros", acrescentado que "faço o lijdimo q el aia aqlas onrras q an os filhos d algo q luidam naçe no enbargando a ley genal spuries a lex spurij q so no digesto Titulo de Decurionib E muytas outr q deffede barga as onrras aos assy nados. As qas leys tolho no qro q aia logar en aqste".

3.1.    Vasco Martins Leitão, que segue.

3.2.    Leonor Martins Leitão, não legitimada, que o conde D. Pedro diz que foi havida em D. Constança (ou Guiomar) Martins de Frazão, abadessa do mosteiro de Jazente (Amarante). Casou com Gonçalo Paes de Meira, alcaide-mor de Ponte de Lima, a quem D. Fernando doou as terras de Colares, da Nobrega e de Galinhas e Carneiros, em Neiva. C.g.

3.3.    (?)Vicente Martins Leitão, não legitimado, mas que deve também ser filho de D. Martim, a avaliar pelo patronímico. Era vassalo em 8.2.1372 quando teve mercê real de uma vinha em Tavira. Em 1380 era comendador de Castro Marim na Ordem de Cristo e alcaide-mor do seu castelo, existindo sobre ele vários documentos.  

3.4.    (?)Estêvão Leitão, não legitimado, nascido cerca de 1340, que deve também ser filho de D. Martim e de Inez Vasques, conforme referem algumas genealogias tardias. Está documentado (1396) como pai de:

3.4.1.    Inez Leitão, nascida cerca de 1368, que Alão dá como filha de Vasco Martins Leitão, mas documentada como filha de Estêvão Leitão. Casou cerca de 1385 com o escrivão da Puridade Gonçalo Lourenço (de Gomide), que esteve na conquista de Ceuta (1415) com 400 homens seus e a quem D. João I coutou a 22.1.1387, a ele e à dita sua mulher, umas herdades no termo do Crato. Esta Inez Leitão e seu marido trocaram a 11.4.1396 umas quintas que tinham em Cadaval pelo senhorio de Vila Verde dos Francos. A troca foi feita com Violante Vasques (casada com Afonso Rodrigues Alardo), que aí se diz prima-direita de Estêvão Leitão, pai desta Inez. Sendo esta Violante filha sucessora de Vasco Rodrigues e sua mulher Beatriz Vasques, senhores da terra e castelo de Vila Verde dos Francos. Com base nesta informação, parece-me que esta Beatriz Vasques seria irmã da Inez Vasques amante de D. Martim, ambas portanto filhas de Vasco Pires. Sendo provável que já Vasco Pires fosse senhor de Vila Verde. Foram bisavôs paternos do grande D. Afonso de Albuquerque.

3.4.2.    (?)Martim Leitão, nascido cerca de 1372, sobre o qual não encontrei rasto documental, mas que algumas genealogias tardias fazem filho de Estêvão Leitão, dizem que foi comendador de Mencasse (sic) e casado com Beatriz Machado, filha de Diogo Pires Machado, portanto sua prima, pois este Diogo era neto de Joana Gonçalves Leitão, referida atrás. C.g.

 

4.           Vasco Martins Leitão, legitimado por carta real de D. Afonso IV de 6.6.1338, já seu pai tinha falecido, conforme ficou dito atrás. Documentado como cavaleiro quando a 18.8.1384 teve mercê real da vila da Ota, onde já tinha ou fez uma torre. A 30.5.1380 teve mercê do castelo de Portalegre e é-lhe coutada a sua herdade da Silveira, no termo de Assumar. Ainda por D. Fernando são-lhe doados os direitos reais de Portalegre e Assumar e os reguengos do Peral e Cabeça Gorda, no termo de Monforte. A 12.7.1378 o rei manda tirar a Vasco Martins Leitão os bem que este ilegitimamente tinha da Ordem de Cristo, nomeadamente em Alenquer (que lhe são tirados a 31.7.1378). O facto de trazer bens da Ordem de Cristo reconfirma a sua filiação no mestre D. Martim. Parece que D. João I fez mercê a Vasco Martins Leitão de terras que tinham sido de seu tio Estêvão Gonçalves Leitão, sendo certo que a 18.8.1384 lhe doou Albufeira, no reino do Algarve, com todas as suas rendas, direitos e pertenças. Numa carta de armas e numa justificação de nobreza (1605), de dois seus descendentes, diz-se que Vasco Martins Leitão foi aio do mestre de Aviz. Terá nascido cerca de 1330 e faleceu depois de 1393. Na carta da sua legitimação, D. Afonso IV diz que "dispenso com ele de certa ciencia, e faço lidimo que ele haja aquelas honras que hão os fidalgos que lidimamente nascem". Dizem as genealogias que casou (pela 2ª vez) com Inez Afonso Pimentel e, de facto, documenta-se no "livro das campainhas" que em 1365 estava casado com uma filha de João Afonso Pimentel, por quem recebia comedoria no mosteiro de Grijó. O texto é o seguinte: "E de Vasco Martinz Leitom da parte da molher que foy fylha de Johane Affonso Piimentel e a huum filho. item dous filhos e duas filhas que foram do dicto Johane Affomso e ham d'aver comeduras enteiiras" [1]. Esta sintaxe tem sido entendida como indicando que a mulher já tinha falecido, mas não pode ser assim, não só pela redacção do próprio texto mas também pelas restantes circunstâncias. Com efeito, aquela expressão "que foy fylha" não indica que a mulher tinha já falecido mas sim que seu pai já não era vivo, como fica salientado na subsequente referência aos restantes filhos "que foram" de João Afonso. E, de facto, a última notícia que se tem de João Afonso Pimentel, nascido cerca de 1290, é de 1357, quando recebe o castelo de Bragança. Aliás, na lista de Mancelos de 1339 aparece João Afonso Pimentel, seus filhos (não nomeado, pelo que seriam jovens) e sua mãe D. Sancha. Por outro lado, o facto de o filho de Vasco Martins não ser nomeado indica que era ainda muito criança. Tratar-se-ia assim de Gonçalo Vaz, indicado nas genealogias como o primogénito do 2º casamento de Vasco Martins Leitão, que terá nascido cerca de 1364. Por outro lado, toda a cronologia dos restantes filhos de Vasco Martins, mesmo os legitimados, em cuja carta se diz que nasceram era seu pai casado, aponta para que Inez Afonso Pimentel tenha falecido muito depois de 1365. Vasco Martins Leitão teve ainda de Maria Pires, solteira, dois filhos que legitimou. As genealogias dizem que também casou (1ª mulher) com Maria Coutinho, do que não tenho confirmação. 

4.1.    Álvaro (Vaz) Leitão, dado como legítimo do 1º casamento. Terá nascido cerca de 1355/60. Deve ser o Álvaro Leitão documentado como escudeiro morador em Lisboa em 1389, como vassalo numa doação real de 1.3.1386, e como cavaleiro quando foi feito alcaide-mor de Torres Vedras em 1389, cargo que ocupou até 1417. Diz-se que sucedeu a seu pai como senhor de Albufeira, mas não encontrei confirmação documental. Terá casado com Beatriz de Azevedo, dada como filha de Lopo Dias de Azevedo. Mas Álvaro Leitão era mais velho do que Lopo Dias de Azevedo, pelo que esta Beatriz quando muito podia ser sua irmã, o que ainda assim é duvidoso. Alão diz que não teve geração.

4.2.    Gonçalo Vaz Leitão, dado como o primogénito do 2º casamento. Deve ser o filho não nomeado que é referido nas comedorias de Grijó (1365), que terá nascido cerca de 1364, e parece que sucedeu a seu pai na herdade coutada da Silveira, no termo de Assumar. Mas não será o Gonçalo Vaz da Silveira casado com Aldonça Rodrigues de Aguiar, uma vez que este era filho de Vasco Lourenço da Silveira, já falecido em 1330. De resto, a herdada da Silveira de que estes tiraram o nome era no termo de Redondo. Fica no entanto por explicar a razão porque o escudo de armas dos Leitão é o mesmo do dos Silveira. E o mesmo dos Pestana, se bem que neste caso se justifique, uma vez que uma filha deste Gonçalo Vaz da Silveira, já falecido em 1374, casou com Martim Gil Pestana, alferes-mor de Évora.

4.3.    Gil Afonso Leitão, que terá nascido cerca de 1366. É dado nas genealogias como filho do 2º casamento de Vasco Martins Leitão. Mas o patronímico Afonso não permite esta filiação sem uma explicação. Se bem que nos finais do séc. XIV já se assista a muita irregularidade nesta questão dos patronímicos, ainda assim não é aleatória e há sempre uma explicação para a irregularidade. Como na família ascendente e colateral de Vasco Martins não se vê nenhum Afonso nem o uso deste patronímico, a explicação terá de ser procurada na família da mãe de Gil Afonso, ou seja Inez (Afonso) Pimentel, irmã do comendador-mor da Ordem de Santiago Rodrigo Afonso Pimentel, ambos filhos de João Afonso Pimentel, senhor de Bragança. 

4.3.1.    Gil Afonso Leitão, licenciado em Degredos, arcediago do Couto de Braga, chantre, vigário-geral, cónego e recebedor-mor do Arcebispado (vide José Marques, A Arquidiocese de Braga no séc. XV). Terá nascido cerca de 1395, pois a 10.12.1419 é referido apenas como escudeiro. Aparece como recebedor-mor do Arcebispado e arcediago do Couto de Braga num documento de 13.9.1425, permanecendo no primeiro cargo até 14.4.1439 e no segundo até 6.4.1443, data em que o troca por o de chantre com o jovem João Gomes de Abreu, mais tarde (1462) bispo de Viseu, no mesmo dia em que este foi nomeado para aquele cargo. Aparece como vigário-geral do arcebispado entre 25.9.1431 e 1456. A 12.2.1437 aparece a primeira vez referido como cónego da Sé de Braga e prior das igrejas anexas de Arnoso e Jesufrei. Como licenciado em Degredos aparece a primeira vez referido em 13.3.1444. Gil Afonso Leitão teve seis filhos legitimados por carta real, a filha mais velha havida em Margarida Anes e os outros em Catarina Álvares, ambas mulheres solteiras.  

4.3.1.1.     Beatriz Leitão, legitimada por carta real de 17.11.1430.

4.3.1.2.     Martim Leitão, certamente nascido depois de 1430, legitimado por carta real de 30.10.1441, tirou em Braga ordens menores em 1450 e de Missa em 1454, sendo então já cónego da Colegiada de Guimarães.

4.3.1.3.     Estêvão Leitão, legitimado por carta real de 15.11.1441, tirou em Braga ordens menores em 1450, com seu irmão. 

4.3.1.4.     Rui Leitão, legitimado por carta real de 16.11.1441. Como filho de Gil Afonso Leitão, chantre de Braga e diácono, e de mulher solteira de Santiago da Sé, tirou ordens menores em Braga a 8.4.1447.

4.3.1.5.     Fernão Leitão, legitimado com seu irmão Rui. 

4.3.1.6.     Gil Leitão, legitimado por carta real de 26.1.1443.Como Gil Leitão, escolar, da Sé de Braga, filho de clérigo, tirou ordens menores em Braga a 20.9.1454.

4.3.2.    (?)Bringueira Gil, moradora em Stª Maria de Guimarães com seu marido Heitor Lopes quando o filho tirou ordens menores.

4.3.2.1.     Lopo Leitão, que tirou ordens menores em Braga a 12.3.1446. É certamente o Lopo Leitão, cónego de Stª Mª da Sé de Lamego, que tirou ordens de Epístola a 17.3.1454 e de Evangelho a 12.4.1454.

4.3.2.2.     ?Frei Luiz Leitão, da ordem de S. Domingos de Guimarães, que tirou em Braga ordens de Evangelho a 18.12.1451 e de missa a 20.9.1454.

4.3.2.3.     ?Frei João Leitão, da ordem de S. Domingos de Guimarães, que tirou em Braga ordens a 19.12.1444.

4.3.3.    (?)Álvaro Afonso Leitão, que a 28.10.1444 foi apresentado pelo coroa como abade reitor da igreja de S. Marinho de Lordelo (Porto). Deve ser o Álvaro Leitão que já era cónego da Sé de Silves em 1463 e que nasceu cerca de 1399, pois a 15.12.1469, por ter 70 anos e estar cansado, D. Afonso V concedeu-lhe licença para ter uma mulher como sua servidora, contanto que vivam honestamente e esta tenha mais de 50 anos de idade. Teve em Beatriz Lourenço, mulher solteira aí moradora: 

4.3.3.1.    Maria, legitimada por carta real de 13.5.1463.

4.3.3.2.    (?)Nuno Álvares Leitão, morador em Évora, que serviu em Ceuta e Alcácer, tendo tido carta de perdão real a 12.7.1469.

4.3.3.3.    (?)Rui Leitão, escudeiro do duque de Viseu, que foi escrivão do almoxarifado de Évora, cargo em que faleceu em 1472.

4.4.    Froilo Leitão, dado como legítimo do 2º casamento, provavelmente fal. solt. s.g.

4.5.    Leonor Leitão, dada como legítima do 2º casamento, terá nascido cerca de 1370. Casou com João Lopes de Azevedo, 2º senhor de S. João de Rei, senhor das terras do Bouro e de Aguiar, falecido antes de 1433, ano em que seu filho é confirmado nos senhorios de seu pai. Segundo as genealogias (nomeadamente Souza da Silva), Leonor Leitão já era viúva a 6.7.1423, quando D. João I lhe confirmou os privilégios da quintã do Paço, no termo Vila Real, que trocara com Gonçalo Lourenço (de Gomide, marido de Inez Leitão, referidos acima). Ficou assim viúva com os filhos ainda muito pequenos, uma vez que um neto desta Leonor Leitão (filho do 2º casamento do sucessor Diogo) nasceu cerca de 1450, pois tirou ordens menores em Braga em 1462. 

4.6.    Estêvão Leitão, que segue. 

4.7.    Rui Vaz Leitão, cavaleiro e "criado" de D. João I, como se diz na carta de armas do neto. Foi legitimado por carta real de 28.9.1393. Quando nasceu seu pai estava casado, sendo a mãe, Maria Peres, solteira. Terá nascido lá para 1375/80. É certamente o Rui Vasco Leitão dito "criado" de D. João I quando a 6.1.1434 teve mercê real de quatro moios de trigo anuais no almoxarifado de Santarém. Casou com Leonor Ferreira, filha de Gomes Ferreira, nascido cerca de 1336 e falecido depois de 3.1.1393, que por morte de seus irmãos mais velhos, sem geração, acabou por suceder nos morgadios do Casal de Cavaleiros, de Cete e de Fajozes, em que fora nomeado por seu pai em último lugar, e de sua mulher Maria da Cunha, conforme digo no meu Ensaio sobre a origem dos Ferreira. Esta Leonor Ferreira ainda estava viva a 15.12.1450 quando D. Afonso V lhe faz mercê de uma tença anual de 3.000 reais de prata pelo preço de 25 coroas de ouro, à razão de 120 reais por cada coroa, pelo foro de um quinta.   

4.7.1.    Martim Ferreira Leitão, cavaleiro, nascido cerca de 1410, pois ainda esteve em Tanger, com dez escudeiros e gente de pé, e em Alcácer Ceguer, como refere a carta de armas de seu filho. Casou com Briolanja de Góis, segundo a mesma fonte, filha de Gonçalo Borges.

4.7.1.1.      Estêvão Leitão. Segundo as genealogias, por ter morto um homem homiziou-se em Castela. Talvez seja o Estêvão Leitão, morador em Alenquer, que a 4.7.1469 teve privilégio real para andar em besta muar de sela e freio por todo o reino.

4.7.1.2.      Vasco Martins Leitão, "fidalgo de linhagem, de cota de armas e de solar conhecido", que teve a 21.6.1507 teve carta de armas para Leitão, onde se diz que era (e como) bisneto de Vasco Martins Leitão, dito aí aio de D. João I. Terá nascido cerca de 1440. Talvez seja o Vasco Leitão que em 1472 vivia em Bombarral, termo da vila de Óbidos. Dizem as genealogias que casou com Beatriz de Souza. Deve ser pai de outro Vasco Martins Leitão casado com Isabel Pentiado, que ainda vivia viúva em 1579, em Óbidos, quando passa procuração a seu filho Pedro Vaz Leitão, nesta data provedor da Misericórdia e escrivão da Câmara e da Almotaçaria de Óbidos.

4.7.1.3.      (?)Gonçalo Leitão, que em 1472 vivia em Macial, termo da vila de Atouguia. Talvez o Gonçalo Leitão, escudeiro e "criado" de Fernão de Lima, que a 6.10.1475 teve carta de privilégio de fidalgo e a 24.7.1476 foi nomeado escrivão das sisas de Braga.

4.7.1.4.      (?)Álvaro Leitão, tabelião (17.7.1482) e juiz das sisas (6.5.1490) de Aguiar de Pena. Talvez o Álvaro Leitão, fidalgo da Casa do infante D. Pedro, documentado em 1450 C.g. nos Leitão de Almeida, de Ribeira de Pena.

4.7.2.    (?)Vasco Rodrigues Leitão, documentado na perfilhação de seu neto, adiante.

4.7.2.1.      (...) Leitão, já falecido em 1462, pai de:

4.7.2.1.1.      Martim Leitão, fidalgo da Casa Real, perfilhado por instrumento público de 29.4.1462, e confirmação real de 28.5.1462, por Isabel Leitão, moradora em Santarém, com todos os direitos de herança.

4.7.2.2.      (?)Isabel Leitão, moradora em Santarém, que perfilha Martim Leitão, acima.

4.7.3.    (?)Mem Rodrigues Leitão, arcediago da Sé de Coimbra, a quem D. Afonso V doa a 9.10.1453 todas as rendas, direitos, pertenças entradas e saídas da quinta da Rosa, no termo de Alenquer, que eram pertença de João de Serpa, escudeiro do infante D. Pedro, que os perdera por ter estado na batalha de Alfarrobeira ao lado do dito infante.

4.7.4.    (?)Rui Leitão, que a 30.9.1453 foi coudel da vila de Santarém e seu termo, cargo em que foi substituído a 22.5.1468. A 14.2.1469, sendo referido como escudeiro do almirante Rui de Mello e morador em Castro Marim, foi feito almoxarife desta vila, cargo em que foi substituído a 23.3.1473. Foi pai de um Diogo Leitão, escudeiro da Casa Real, que a 6.4.1473 o substituiu como escrivão das Sisas da Ribeira de Santarém e a 3.10.1475 teve mercê real de uma tença anual de 4.800 reais de prata. E Rui Leitão deve ser também pai de um João Leitão, "criado" de João de Mello, que a 24.4.1472 teve carta de perdão da justiça real por ter agredido um juiz de Castro Marim, e a 29.8.1475, já referido como escudeiro do almirante e vassalo d'el rei, foi nomeado para vedor dos vassalos reais de Castro Marim. Talvez o João Leitão que em 1517 era freire clérigo da Ordem de Santiago no convento de Palmela.

4.7.5.    (?)Fernão Rodrigues Leitão, vassalo de D. Afonso V, morador em Santarém, que foi aposentado a 1.5.1469 sem ter atingido os 70 anos de idade. 

4.7.6.    (?)Diogo Martins Leitão, cavaleiro, vassalo d'el rei e "criado" do infante D. Henrique, que foi aposentado a 18.6.1487. Terá portanto nascido cerca de 1417, uma vez que a aposentadoria se dava aos 70 anos. Talvez o Diogo Leitão, escudeiro de João Rodrigues Ribeiro, que a 14.3.1444 foi nomeado coudel de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão. E que devia ser pai de um Nuno Leitão, morador em Pedrógão, que a 24.6.1466 foi coudel desta vila, e talvez de um Lourenço Leitão que em 1469 abandonou o cargo de coudel de Sabugal.

4.8.    Martim Vaz Leitão, legitimado com seu irmão Rui, da mesma mãe. Deste foi filho, segundo as genealogias, Afonso Vaz Leitão, alcaide-mor de Idanha, mas não o documento. 

 

5.           Estêvão Leitão [2] , senhor da quintã e torre da Ota (Alenquer), a quem D. João I chama "cavaleiro nosso criado morador em Ota". Esta sucessão na Ota indica a filiação em Vasco Martins Leitão. Pelo foro de seu filho sabe-se que este Estêvão Leitão foi cavaleiro da Casa do infante D. Henrique, com 24.000 reais de moradia por ano. Tinha sido antes cavaleiro da Casa Real, tendo recebido de D. João I a moradia de 2.000 reais de prata enquanto não fosse liquidada da dívida do rei a seu sogro (27.4.1409, confirmada por D.Afonso V a 19.3.1439). Terá nascido cerca de 1372 e faleceu em 1443. Está documentado que casou (cerca de 1408) com D. Inez (Mendes) de Vasconcellos, legitimada com seus irmãos por carta real de 28.12.1391, e falecida antes de 1443, filha de D. Mem Rodrigues de Vasconcellos, mestre da Ordem de Santiago (bulas papais de 17.2.1388 e 9.11.1389, publicadas em Lisboa a 10.7.1391), que emprestara a D.João I, para o seu casamento, em 1405, 3.000 dobras mouriscas, que esta sua filha terá levado em dote. Esta D. Inez era irmã do Diogo Mendes de Vasconcellos, legitimado na mesma carta real, que é dito filho de D. Mem Rodrigues, "ex-mestre" da Ordem de Santiago, quando a 25.8.1434 obtém autorização de D.Duarte para doar bens patrimoniais a sua irmã Beatriz de Vasconcellos (legitimada a 3.5.1408), para esta casar com Gonçalo Pereira, do Conselho do rei. D. Mem Rodrigues de Vasconcellos, cantado por Camões, comandou em Aljubarrota (14.8.1385) a famosa Ala dos Namorados, ainda não era mestre mas já era senhor de juro e herdade de Monsarraz (10.9.1384),de Torres Vedras (13.2.1385), de S. Marinho, Labruja, Labrujeira, Santo Estêvão e Jeraz (19.5.1385). A 28.12.1385 tem de juro e herdade as rendas, direitos e foros de Caminha. Era irmão de Joane Mendes de Vasconcellos, senhor de Soalhães, e de Rui Mendes de Vasconcelos, senhor de Pedrógão e Figueiró dos Vinhos. Todos filhos de Gonçalo Mendes de Vasconcellos, do Conselho do rei D. Fernando, alcaide-mor de Coimbra (25.7.1373), senhor de juro e herdade de Soalhães, Vila Chã, Loivos e Penela, "com todas as jurisdições como usam os condes", e do reguengo de Cantanhede (16.4.1385), depois trocado pela vila da Lousã (8.1.1387), senhor da quintã de Nomães (coutada a 25.7.1373), das rendas da vila da Lousã (1378), etc., que jaz em S. Domingos de Coimbra, e de sua 2ª mulher Tereza Rodrigues Ribeiro, 3ª morgada de Soalhães, vínculo instituído a 13.5.1304 por seu bisavô o arcebispo de Braga D. João Martins de Soalhães.  

5.1.    Maria Leitão, que segue.

5.2.    Martim (ou Marote) Leitão, que a 14.3.1443 faz doação a seu irmão do seu quinhão das 3.000 dobras mouriscas que o rei lhes devia, e da metade dos bens que, por morte dos pais, devia receber, tudo confirmado por carta real de 29.8.1444, onde se documenta a filiação, pois é aí expressamente dito filho de Estêvão Leitão e de sua mulher "Dona Inez de Vasconcellos".

5.3.    (?)Estevão Leitão, capelão de Stª Mª de Triana (Alenquer), tendo falecido antes de 6.1.1445, data em que, por sua morte, é  nomeado para o cargo Álvaro Gil, referindo-se que este o é em substituição de Estêvão Leitão.

5.4.    (?)Frei Lopo Leitão, comendador de Santo Atão de Bemespera, que em 1468 apresentou em Cortes os agravos que sua ordem sofrera.

5.5.    Galiote Leitão (de Vasconcellos), sucessor na quintã e torre da Ota (Alenquer), fidalgo da Casa do infante D. Henrique, tendo por ano a moradia de 24.000 reais que seu pai havia, enquanto não fossem pagas as ditas 3.000 dobras (15.4.1443). Nos documentos vem referido como "fidalgo, cavaleiro da Casa d'el Rei". A 29.9.1472, sendo já referido como fidalgo da Casa Real, teve uma tença de 10.000 reais de prata. Casou com D. Leonor de Eça, filha de D. Fernando de Eça. Com geração que aparentemente se extinguiu. Um seu filho (ou neto) terá vendido, no início do séc. XVI, a torre da Ota a Rui de Figueiredo.

 

6.           Maria Leitão (de Vasconcellos), nascida cerca de 1409 e casada cerca de 1429 com Martim Gonçalves da Fonseca, fidalgo da Casa do infante D. Henrique e seu escrivão da puridade, procurador e contador-mor, que faleceu antes de 22.7.1447, data em que seu filho Martim Leitão lhe sucedeu, por sua morte, como administrador da capela de S. João de Almoster, documento da Chancelaria de D. Afonso V, onde se diz que este Martim Gonçalves fora morador em Pombal e era contador do infante D. Henrique. Os nobiliários não referem este Martim Gonçalves, que terá nascido cerca de 1405, mas é muito possível que fosse irmão do Álvaro Gonçalves que foi legitimado por carta real de 7.3.1427, filho de Gonçalo Rodrigues da Fonseca, nessa carta referido como escudeiro, vassalo d'el rei, morador em Évora, e de Margarida Afonso, ambos solteiros à data do seu nascimento. Este Gonçalo Rodrigues tudo indica que fosse filho de Rui Gonçalves da Fonseca e neto do Gonçalo Vasques da Fonseca que foi legitimado por carta real de 4.8.1338 como filho de Vasco Lourenço da Fonseca, um dos 40 fidalgos que asseguraram o acordo de 1328 com Castela, e de D. Margarida Anes de Carapeços, que depois foi sua 2ª mulher e que veio a falecer cerca de 1363, pois o Cabido de Viseu tomou posse a 8.10.1363 das quintas de Baiões (termo de Lafões), de Vila Verde, da Cónega, de Covelha, do Castelo de Ferreiros, bem como a herdade do Carvalhal, que teve por doação de D. Margarida Anes, viúva de Vasco Lourenço da Fonseca. Vasco Lourenço da Fonseca e sua mulher D. Margarida Anes de Carapeços, entre os muitos bens que possuíam na terra de Lafões, foram ainda senhores da torre de Vilharigues, que venderam a Gonçalo do Monte, vassalo de D. Pedro I, o qual a doou a 5.8.1357 a Diogo Álvares, filho de D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, doação esta confirmado pelo rei a 20.5.1361. A 11.41342, Vasco Lourenço da Fonseca doou a Margarida Anes a quinta de Vila Verde para esta casar com seu filho Gil Vasques. Esta Margarida Anes, já viúva de Gil Vasques, de Baiões, que falecera em 1347, a 15.4.1356 foi intimada a pagar uma dívida que deixara seu marido e seu pai Vasco Lourenço. Como a sogra homónima desta Margarida Anes aparece em 1363 a doar ao Cabido as quintas de Baiões e Vila Verde, como ficou dito acima, esta já então teria falecido sem geração. Vasco Lourenço da Fonseca, legitimado por carta real de 14.7.1318, era filho de Lourenço Vasques da Fonseca, vassalo de D. Afonso IV, e de Tereza Pires; neto de Vasco Mendes da Fonseca e sua mulher Maria Martins de Medãs; e bisneto de D. Mem Gonçalves da Fonseca, o 1º deste nome, e de sua 1ª mulher e prima D. Maria Pires de Tavares.

6.1.    Martim Leitão, nascido cerca de 1430, e que seria portanto menor quando a 22.7.1447 sucede a seu pai, "que morrera", como administrador da capela de São João de Almoster, "entre Ansião e Alvaiazere", por alvará da Chancelaria de D. Afonso V. Talvez seja o Martim Gonçalves, vassalo, morador em Alenquer, que a pedido de Galiote Leitão, fidalgo, cavaleiro da Casa Real, é aposentado com todas as honras de cavaleiro, sem ter 70 anos, por carta real de 21.5.1464.

6.2.    Rui Leitão da Fonseca, que segue.

6.3.    (?)Estevão Leitão, que julgo irmão dos anteriores. Natural de Sousel, era "escolar em Leis" quando a 9.7.1466 é nomeado procurador dos juízes e justiças da comarca e correição de Entre-Tejo-e-Guadiana.

 

7.           Rui Leitão da Fonseca, nascido cerca de 1435, documentado como filho de Martim Gonçalves da Fonseca na carta de armas de seu filho. Talvez seja o Rui Leitão, escudeiro, morador em Viana do Alentejo ("a par de Alvito"), que a 4.2.1502 teve carta de perdão por ter jurado falso em tribunal. E talvez também o Rui Leitão que em 155 era freire conventual em Palmela. Neste caso, terá entrado para a Ordem de Santiago depois de viúvo. Casou cerca de 1470 com (...) da Mata, muito provavelmente filha de um Álvaro da Mata, nome usado pelo filho. Tratava-se possivelmente de uns Mata que viviam em Portalegre, nomeadamente um Rui da Mata que com sua mulher Leonor Tavares aí viviam em 1469, e de um Afonso da Mata que foi morto por Martim Tavares, escudeiro da Casa Real, que por tanto teve carta de perdão real a 6.11.1480. Podendo estes ser descendentes dos de Viseu, originados no cónego da Sé de Viseu D. Durão Martins da Mata, natural de Aragão, que acompanhou a rainha Santa Isabel a Portugal.

7.1.    Álvaro da Mata Leitão, fidalgo de Cota de Armas, com carta de brasão para Fonseca e Leitão (8.6.1538), onde se documenta que era filho de Rui Leitão da Fonseca e neto de Martim Gonçalves da Fonseca. Talvez seja o Álvaro da Mata, juiz, documentado a 16.3.1517 na Chancelaria de D. Manuel.

7.2.    Martim Leitão (de Vasconcellos), que segue.

 

8.           Martim Leitão (de Vasconcellos), nascido cerca de 1475. Terá ido casar a Castelo Branco, onde viveu, com (Maria) Martins da Costa, irmã do Dr. Francisco Martins (da Costa), "homem nobre de Castelo Branco" que casou com Perpétua da Fonseca, sobrinha do bispo de Tripoli D. Francisco da Fonseca. A hipótese deste casamento resulta do facto de o Dr. Pedro Barreto de Vasconcelos e seu irmão o doutor Gaspar Barreto, netos deste Martim, aparecerem nas IG do Santo Ofício como sobrinhos do doutor Frei Bartolomeu da Fonseca, doutor em Cânones pela Universidade de Coimbra e o primeiro colegial de São Paulo, por oposição cónego doutoral na dita cidade, que serviu em todos os tribunais da Inquisição e foi do Conselho Geral do Santo Ofício muitos anos. Ora, este Frei Bartolomeu era filho dos ditos doutor Francisco Martins (da Costa) e sua 2ª mulher Perpétua da Fonseca, o que assim faria dele não tio mas primo-tio (primo-direito do pai) dos ditos Pedro e Gaspar Barreto, o que então justificava o tratamento de tio. Porque, de facto, não se vê outra hipótese de estabelecer este parentesco documentado. Isto, obviamente, aliado ao facto deste  doutor Sebastião Martins estar documentado como natural de Castelo Branco, cidade onde justamente viviam o doutor Francisco Martins (da Costa) e sua 2ª mulher Perpétua da Fonseca. Acresce que nesta época e na circunstância da família já há muito não usar patronímicos, o "Martins" do doutor Sebastião Martins Leitão parece menos patronímico derivado de seu pai Martim e mais nome em homenagem materna. De referir ainda a existência de outra relação entre estas famílias, verificada no casamento de Bernardo da Fonseca, bisneto dos ditos doutor Francisco Martins e Perpétua da Fonseca, com Úrsula Barreto, ou Úrsula Maria de Castello-Branco, referida na nota 11, trineta deste Martim Leitão (de Vasconcellos).

8.1.    Dr. Sebastião Martins Leitão (de Vasconcellos), que segue.

 

9.           Doutor Sebastião Martins Leitão (de Vasconcellos), fidalgo da Casa Real, desembargador da Casa do Cível de Lisboa, corregedor da comarca de Tomar e muitos anos "julgador d'el rei". [3] Nasceu cerca de 1510 em Castelo Branco. Casou com Isabel Telles Barretoou Isabel do Couto de Brito, nascida em Évora cerca de 1525. Documenta-se como Isabel Telles Barreto na IG do filho e como Isabel do Couto de Brito na IG de seu neto Lourenço. Alão de Moraes chama-lhe D. Isabel Telles Barreto e di-la filha de João Telles Barreto [4], fidalgo da Casa Real morador em Torres Vedras, e de sua mulher D. Catarina Corrêa [5] , e neta paterna de Fernão Pereira Barreto [6], fidalgo da Casa Real e senhor do morgado do Freixo, junto a Loulé, que seu pai lhe instituíra, e de sua mulher D. Catarina de Sequeira [7]. Contudo, tendo em conta a onomástica e a cronologia, mais parece irmã de Afonso Telles Barreto, comendador de Almada, que teve moradia de escudeiro fidalgo (Ementas, 9, 247), várias tenças de D. Filipe I, nomeadamente uma de 100.000 reais (CFI, 4, 96v), e alvará para trazer mercadorias da Índia (ib, 31, 221v), filho de Pedro Barreto (primo do antedito João Telles Barreto), que foi também comendador de Almada, e de sua 1ª mulher Paula de Brito ou Paula do Couto de Brito, filha de Nuno Fernandes da Mina, vedor do mestre da Ordem de Santiago, e de sua mulher Violante de Brito ou Violante do Couto (filha do alcaide-mor de Évora Estêvão de Brito). Aquele Pedro Barreto, nascido cerca de 1500, era filho de Jorge Barreto (de reparar que o doutor Sebastião Martins tem um filho chamado justamente Jorge Barreto), comendador de Castro Verde, nascido cerca de 1470, e de sua mulher D. Joana de Albuquerque (filha de Fernão de Albuquerque, senhor de Vila Verde); e neto paterno de outro Pedro Barreto, nascido cerca de 1440, comendador de Castro Verde, e de sua mulher Mécia de Castello-Branco. Este Pedro Barreto, referido como fidalgo da Casa Real, a 33.9.1475 recebeu de D. Afonso V uma tença de 20.000 reais de prata que lhe passou seu sogro o almirante Nuno Vaz de Castello-Branco, do Conselho, que a tinha do rei e pediu que fosse passada para este seu genro. Este Pedro era filho terceiro de Gonçalo Nunes Barreto o Moço, nascido cerca de 1405 e falecido cerca de 1486, fidalgo do Conselho (6.4.1468) e da Casa Real (1.12.1433), fronteiro-mor do reino do Algarve e alcaide-mor de Faro, morgado da Quarteira, etc., e de sua mulher Isabel Pereira [8a]. A 1.12.1433 D. Duarte doou a Gonçalo Barreto, seu criado e cavaleiro da sua Casa, a renda da portagem e do relego de Loulé. Nos capítulos de Silves de 1436 os procuradores queixam-se ao rei de que Gonçalo Nunes Barreto e João Pereira tem o reguengo de Silves e Beatriz Pereira uma quintã, nos quais fizeram coutos, o que impede o uso da água e erva pelos gados do termo da cidade. Gonçalo Nunes Barreto teria então cerca de 30 anos e aquela Beatriz Pereira deve ser sua sogra. A 16.11.1449 D. Afonso V privilegiou os 20 lavradores que morarem na Quarteira, termo de Loulé, terra de Gonçalo Nunes Barreto, fronteiro-mor no reino do Algarve, isentando-os de pagar encargos ao concelho, de serem postos por besteiro do conto, bem como do direito de pousada. A 15.5.1450 o mesmo rei perdoou a justiça régia a Afonso Vasques de Arcos, morador em Loulé, acusado da morte de Fernão Rodrigues, sapateiro, por ter participado na guerra contra o Infante D. Pedro, em companhia de Gonçalo Nunes Barreto, cavaleiro, contanto que cumpra quatro anos de degredo em Ceuta. A 27.4.11462 perdoou a justiça régia e concedeu carta de segurança a João Pires, criado de Gonçalo Nunes Barreto, morador em Faro, pelo envolvimento que tivera nos arroídos entre Gonçalo Nuno Barreto e seus filhos e os filhos de Rui Lourenço e Fernão da Banha, moradores em Loulé, sendo degredado por um ano para a vila de Alcácer. A 6.4.1468 nomeou por três anos Gonçalo Caeiro, escudeiro de Gonçalo Nunes Barreto, do seu Conselho, morador na vila de Castro Verde, para o cargo de coudel na dita vila e seu termo, em substituição de João Amarguilho, que terminara o seu tempo de serviço. A 25.4.1475 confirmou a autorização a Gil de Magalhães, a seu pedido, fidalgo da Casa do príncipe D. João, para ele empenhar a sua terra de Souto de Rebordões, por mil coroas ao seu sogro Gonçalo Nunes Barreto, fidalgo da Casa Real e do seu Conselho, mediante determinadas condições. A 24.9.1475 privilegiou Afonso Teles Barreto, fidalgo da sua Casa, a seu pedido, mandando que por morte de seu pai ele fique com a renda da portagem da vila de Loulé. Finalmente, em 1486 D. Manuel I confirmou a Gonçalo Nunes Barreto, alcaide-mor de Faro, uma carta de D. Afonso V de 3.7.1458 que privilegiava e escusava 24 lavradores que trabalhassem no seu reguengo da Quarteira. Este Gonçalo Nunes Barreto o Moço era filho de Gonçalo Nunes Barreto o Velho, nascido cerca de 1365 e falecido cerca de 1449, alcaide-mor de Loulé e Faro, conselheiro de D. João I, senhor de juro e herdade de Cernache, no termo de Coimbra (19.9.1403), que a 19.9.1413 trocou pela vila e reguengos da Quarteira (Loulé), onde instituiu com sua mulher o morgadio de Stª Catarina, e sua mulher D. Inez Telles, que as genealogias tardias dizem erradamente filha do conde D. Pedro de Menezes, 1º capitão-mor de Ceuta[8b]. Este Gonçalo Nunes Barreto o Velho esteve em Ceuta como "cap.am da gente do Inf.e D. Pedro" quando a praça era da responsabilidade de D. Pedro de Menezes. Parece ter falecido na batalha de Alfarrobeira, onde terá estado, já octogenário, com seu filho homónimo. Em 1412 trocou com o infante D. Henrique a sua vila de Cernache (Coimbra), que herdada de sua avó paterna, pelos reguengos da Quarteira, no termo de Loulé, e de Boina e Aria, no termo de Silves, com confirmação de D. João I de 19.9.1413. A vila de Cernache, com a jurisdição cível, havia sido confirmada por D. Fernando I, a 10.2.1372, a seu avô homónimo e a sua mulher Beatriz Fernandes Pimentel. O Gonçalo Nunes Barreto que a 19.6.1444 se documenta fronteiro da comarca do reino do Algarve, não deve ser este, mas sim seu filho homónimo, que teve este cargo.

9.1.    D. Babiana Barreto [9] , casada com o Licenciado Martim Leitão[10], fidalgo da Casa Real, ouvidor-geral do Brasil (CFI, 9, 51), desembargador da Casa da Suplicação, cavaleiro da Ordem de Cristo, etc. De 1.10.1585 existe cópia de algumas cartas de D. Filipe I para o ouvidor-geral Licenciado Martim Leitão sobre a construção da fortaleza da barra da Paraíba e das diferenças que houve entre João Álvares Sardinha e João Rodrigues Coutinho, capitão da Mina (CC, I, 112, 3). Alão, que não o filia, chama-o erradamemente Dr. Martin Leitão de Brito. Gaio diz que este Martim Leitão era filho ilegítimo de Gonçalo Afonso Leitão, abade do mosteiro de Soalhães, neto de Afonso Gonçalves Leitão, bisneto de Gonçalo Afonso Leitão e trineto de Afonso Vaz Leitão, acaide-mor de Idanha, referido acima no nº 4.8. Foram pais, entre outros [11], do Dr. Gonçalo Leitão de Vasconcellos, desembargador da Casa da Suplicação, que instituiu a capela de Nª Sª da Luz em Carnide, casado com D. Maria de Almeida, com geração extinta, e do Dr. Gaspar Barreto de Brito, corregedor de Tavira, casado a 5.3.1612 em Lisboa (Socorro) com sua prima-direita D. Margarida Cabral, conforme se refere abaixo, sendo dispensados nos 2º e 4º graus de consanguinidade e sendo testemunhas Sebastião Leitão, Belchior Leitão e António Mendes de Figueiredo. Estes Sebastião Leitão e Belchior Leitão são certamente também filhos de D. Babiana e seu marido. Tendo em conta os referidos graus de parentesco, o Licenciado Martim Leitão não podia ter a ascendência que lhe dá Gaio. Com efeito, se o 2º grau de consanguinidade entre o Dr. Gaspar Barreto de Brito e D. Margarida Cabral resultava do facto de as mães serem irmãs, o 4º grau de consanguinidade obriga a que o pai dele, o Licenciado Martim Leitão, fosse parente no 3º grau de sua mulher (e portanto parente no mesmo grau da mãe de D. Margarida). Isto implica que o Licenciado Martim Leitão tinha de ser, necessariamente, bisneto de Rui Leitão da Fonseca, referido acima no nº 7. Seria assim, certamente, neto do juiz Álvaro da Mata Leitão, que a 8.6.1538 teva carta de armas para Fonseca e Leitão, como ficou dito.

9.2.    Doutor Pedro Barreto de Vasconcellos, que segue

9.3.    D. Brianda Barreto ou D. Brianda de Brito, casada com o Dr. Manuel de Paiva Cabral, que foi juíz de fora de Portalegre e em 1590 eram moradores em Torres Vedras. Com efeito, 13.1.1590, em Torres Vedras, nas casas do reverendo doutor Gaspar Barreto de Brito, seu cunhado o licenciado Manuel de Paiva Cabral e sua mulher D. Brianda Barreto fizeram ao licenciado Pedro Barreto de Vasconcellos, juiz de fora de Viseu, irmão dela, uma procuração para receber uns pagamentos (Registos Notarias de Torres Vedras - Livro 24 de Notas, Caixa 77, 77v a 78v). Embora no anterior documento assine Dona Brianda Barrero, também se documenta como D. Brianda de Brito. Foram pais de Francisco Cabral, o qual, com suas irmãs D. Margarida Cabral e D. Isabel de Brito, sendo referido o irmão Pedro Cabral, clérigo falecido em Pernambuco, sendo D. Margarida casada com Gaspar Barreto de Brito, deram todos quitação em 1618 no escrivão Vasco de São Paio, todos referido como filhos de Manuel de Paiva Cabral e sua mulher D. Brianda de Brito. Aquela atedita D. Margarida Cabral casou a 5.3.1612 em Lisboa (Socorro) com Gaspar Barreto, não dando o assento a filiação dos nubentes, dizendo apenas que foram dispensados nos 2º e 4º graus de consanguinidade, sendo testemunhas Sebastião Leitão, Belchior Leitão e António Mendes de Figueiredo. O Dr. Gaspar Barreto de Brito era de facto seu primo-direito, filho de D. Babiana Barreto e seu marido e primo o Licenciado Martim Leitão, como ficou dito acima.

9.4.    D. Jerónima, casada com Francisco Pereira Falcão, segundo Alão. Devem ser pais ou avós de André Falcão Pereira, guarda-mor da Torre do Tombo, pelas razões referidas acima.

9.5.    D. Leonor de Brito, nascida em Castelo Branco cerca de 1557 e casada cerca de 1574 com André Parvi, nascido cerca de 1546 em Évora, cidade onde viveram. Destes foram filhos Reginaldo Parvi e Sabastião Parvi, ambos nascidos em Évora e matriculados em Cânones na UC, respectivamente em 1594 e 1598, como filhos de André Parvi, tirando ambos o bacharelado e a formatura, o 1º a 27.6.1600 e 17.7.1600 e o 2º a 3.6.1604 e 24.5.1605. Foram ainda pais de D. Luiza de Brito e D.Ambrósia de Brito, falecidas solteiras no Brasil. Aquele Dr. Sebastião Parvi de Brito, foi fidalgo da Casa Real ouvidor geral da Baía, provedor da alfândega da Baía e provedor-geral da fazenda real, três vezes provedor da Misericórdia da Baía (1622, 1643 e 1652), etc. O marquês de Montalvão disse sobre ele que "é dos mais nobres homens de Évora e que hoje no estado em que está o Brasil não há pessoa capaz se suceder naquele governo faltando o governador senão ele". Casou com D. Ana de Argollo e depois com D. Joana de Argollo, com geração deste 2º matrimónio, com mais detalhadamente digo no meu estudo Argolo: uma família brasileira de 1500. André Parvi era irmão do Doutor João Parvi, abade de S. Pedro d’Este, e de Maria Parvi, falecida a 21.2.1600 em Braga (Souto), mulher de Geraldo de Paiva Brandão, cidadão de Braga, vereador da Câmara em 1588 e juiz pela ordenação em 1590 e 1601, aí falecido a 24.6.1605, como refiro no meu estudo sobre os Paiva Brandão, de Braga. Todos filhos de Reginaldo Parvi, referido no testamento do bispo D. João Parvi como seu sobrinho e herdeiro, mas que tudo indica que fosse seu filho. D. João Parvi foi bispo de Cabo Verde (23.9.1538). Era membro do cabido da prestigiada Sé de Évora, como arcediago do bago e cónego magistral, tendo oficiado nesta cátedra. Contemporâneo de D. Martinho de Portugal, foi enviado régio a Roma a fim de criar as dioceses de Angra, Cabo Verde, S. Tomé e Goa. Era natural da Normandia (Bayeux), tendo sido naturalizado por mercê de D. João III. Documenta-se como doutor em 1520 na Universidade de Lisboa (Estudos Gerais). Esteve integrado no núcleo humanista de Évora, de que também fizeram D. Francisco de Melo, mestre André de Resende e Nicolau Clenardo. Demorou a ir para o bispado, permanecendo em Évora até Janeiro de 1545. Em Setembro deste ano fez testamento, no qual deixou por herdeiro Reginaldo Parvi, seu "sobrinho". Aí afirma estar de partida para a ilha de Santiago de Cabo Verde, onde terá chegado em finais de 1545, tornando-se o primeiro bispo residente. Faleceu na cidade da Ribeira Grande a 29.12.1546, com apenas cerca de um ano de episcopado. Manuel Severim de Faria, em tom apologético, refere-se a D. João Parvi como um sacrificado ao serviço da igreja, afirmando que faleceu rapidamente depois de chegar devido ao fervor com que se dedicava à actividade pastoral, não tendo sequer observado o devido resguardo de saúde de alguns meses a que o clima local obrigava os reinóis. Diz que "expirou estando crismando, afrontado com o trabalho de muita gente". Ainda em Portugal, em 1538, fez chegar à Inquisição de Lisboa uma carta sobre os abusos dos cristãos-novos nas ilhas de Cabo Verde, pelo que deve ter trocado correspondência com as autoridades civis e eclesiásticas locais. D. João Parvi deu início à organização das estruturas diocesanas, nomeadamente ao cabido, conforme o prescrevia a bula de criação do bispado de Cabo Verde. Deixou um foro ao cabido para lhe dizer missas por sua alma. Foi sepultado na igreja de Nossa Sr.ª do Rosário da Ribeira Grande. Na inquirição para o Stº Ofº (25.5.1689) de Sebastião de Brito de Castro diz-se de seu avô Sebastião Parvi de Brito, nascido em Évora era primo do Dr. Francisco da Silva de Menezes, referido adiante, de André Falcão Pereira, guarda-mor da Torre do Tombo, referido adiante, e do Dr. Martim de Almada, certamente confusão com o doutor Martim Leitão, referido acima.

9.6.    Doutor Francisco Barreto de Vasconcellos, vedor da Fazenda do Brasil quando seu cunhado o Doutor Martim Leitão era ouvidor-geral, segundo Alão, s.m.n.

9.7.    Doutor Gaspar Barreto de Brito [12] ,  desembargador da Suplicação, lente da Universidade de Coimbra (6.6.1582) e do seu Colégio de S. Pedro, cónego doutoral da Sé de Lamego, deputado do Santo Ofício e promotor da Inquisição de Coimbra, provedor de Tomar, prior de Stª Mª de Torres Vedras e provido a 28.7.1579 como prior de Vila Nova (Coimbra), de que não tomou posse. Nasceu em Castelo Branco cerca de 1555, já estava ordenado em 1579, matriculou-se na Universidade de Coimbra em Cânones a 2.10.1578, sendo bacharel em Leis a 24.7.1581, vindo mais tarde a doutorar-se.

9.8.    D. Jorge Barreto, Dom abade de Santa Cruz de Coimbra, referido por Alão, s.m.n.

 

10.        Doutor Pedro Barreto de Vasconcellos, fidalgo da Casa Real, ministro do reino [13] , desembargador do Paço e da Casa da Suplicação, ouvidor da Casa do Crime, juiz de Fora de Viseu (1593), corregedor da comarca de Guimarães (era-o em 1595), etc. Teve padrão de tença de 100.000 reais de prata. Nasceu em Castelo Branco cerca de 1550 e matriculou-se em Instituta na Universidade de Coimbra em 1573, sendo bacharel em Leis a 15.7.1578 e licenciado a 4.7.1580 (repetição a 5.6.1582) [14] . Craesbeeck informa que, sendo corregedor da comarca de Guimarães, mandou em 1595 fazer em Gouvea de Riba-Tâmega, junto à Câmara, uma fonte que ostenta as armas ditas dos Souza do Prado e a seguinte inscrição "O Licenciado Pedro Barreto de Vasconcellos sendo corregedor mandou fazer esta fonte. 1595". A pedra de armas relaciona-se com o facto de Gouvea de Riba-Tâmega ser então senhorio de Martim Afonso de Souza. Casou cerca de 1597 com D. Maria de Souza, herdeira da quintã e paço da Torre de Figueiredo das Donas (Fataúnços – Vouzela), onde nasceu cerca de 1577 e faleceu a 7.9.1619, filha do doutor Lourenço Vaz Pereira [15], desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação e ministro, como se diz na IG de seu neto, e de sua mulher (casados a 2.5.1576 em Figueiredo das Donas) D. Damásia de Souza [16], herdeira do dito paço, que era bisneta de João Falcão, alcaide-mor de Castelo de Vide, 1º senhor de Figueiredo e Fataúnços, etc., e de sua mulher D. Branca de Souza, filha de D. Frei Lopo Dias de Souza, mestre da Ordem de Cristo.

10.1.  D. Damásia de Souza, documentada na IG de seu filho Francisco como filha destes e casada com Bento da Silva de Menezes, administrador da capela que instituiu sua avó D. Leonor Pereira [17]. Era irmão do doutor Simão Barreto de Menezes, colegial de S. Paulo (31.7.1608), cónego doutoral da Sé de Viseu (6.2.1618), familiar (29.1.1610) e deputado do Santo Ofício e inquisidor de Évora, Coimbra e Lisboa, e de D. Paulo Barreto, geral dos crúzios. Todos filhos de Jerónimo Barreto de Menezes [18],  nascido em Ponte da Barca, mestre de Campo que parece foi também meirinho geral de Braga e senhor da quinta do Sol, e de sua mulher D. Leonor da Silva, também aí nascida; netos paternos de Francisco de Magalhães Barreto e sua mulher D. Leonor Pereira; netos maternos dos 4ºs senhores de Ponte da Barca, Manuel de Magalhães e Menezes e sua mulher D. Margarida da Silva.

10.1.1.  Jerónimo Barreto da Silva, capitão de cavalos nas guerras da Restauração. Teve ilegítimos a Manuel de Souza de Menezes e Bento da Silva, "q segio a univerdsid.e", segundo Gaio.

10.1.2.  Doutor Francisco da Silva de Menezes, colegial de S. Pedro da Universidade de Coimbra e familiar (25.9.1650), deputado e promotor do Santo Ofício.

10.1.3.  D. Angela, fal. solt., segundo Gaio.

10.1.4.  D. Margarida, freira em Stª Clara de Coimbra, ib. 

10.2.  Lourenço de Souza e Vasconcellos, que segue.

10.3.  Gomes Barreto, segundo Alão, s.m.n.

10.4.  João Barreto, segundo Alão, s.m.n.

 

11.        Doutor Lourenço de Souza e Vasconcellos, cavaleiro da Ordem de Cristo, com uma tença de 12.000 reais (20.9.1678), bacharel (24.5.1634), formado (7.6.1637), licenciado (1639) e doutorado (1644) em Leis pela Universidade de Coimbra e habilitado ao serviço de Sua Majestade (9.6.1649). Foi o 6º senhor da quintã e paço da Torre de Figueiredo das Donas, que ostenta um portal armoriado com Souza dito de Arronches, em pleno (imagem - foto do autor). Aparece por vezes, em documentos coevos, com o título de Dom. Nas inquirições vem referido como "fidalgo que vive na sua quintã de Figueiredo das Donas mui limpamente, de suas rendas e à lei da Nobreza, com seus criados, bestas de sela e liteiras", nascido em Lisboa e que "viveu alguns anos no Cazaínho". Os pais e avós "andaram ao serviço de S.M. pelas várias partes do reino e só viveram nesta cidade (Lisboa) depois de serem desembargadores". Nasceu em Lisboa cerca de 1603 e faleceu a 20.11.1690 no morgadio de Nª Sª do Rosário de Casaínho, sem testamento, sendo sepultado na matriz com 3 ofícios de 9 lições cada um. Casou a 11.9.1647 na capela de Nª Sª do Rosário do morgadio de Cazaínho em Canas de Sabugosa com D. Joana de Seixas de Mello e Cáceres [19] , dotada com o morgadio de Nª Sª do Rosário de Casaínho, b. a 19.10.1633, ib, sendo padrinhos o Dr. Leonardo de Figueiredo, abade de Vilar, e sua tia Bernarda da Cunha, e falecida antes de 1685 paço da Torre de Figueiredo das Donas. Era filha de Bento Bernardes de Seixas [20],  senhor da quinta de Casaínho e sua capela de S. Bento, onde n. cerca de 1591, viveu e fal. viúvo a 6.2.1675, sem testamento, sendo sepultado na matriz com 3 ofícios, que instituiu na quinta de Casaínho o morgadio e capela de Nª Sª do Rosário, nomeando em dote sua filha D. Joana como sucessora, e de sua mulher (casados a 20.2.1623 em Treixedo) Maria de Cáceres, nascida cerca de 1604 em Nagosela (Stª Comba Dão) e falecida a 6.6.1660 na quinta de Casaínho, sem testamento, sendo sepultada na matriz.

11.1.  D. Margarida Cristina de Souza e Vasconcellos, que segue.

11.2.  D. Maria Inez de Souza (e Vasconcellos), nascida em 1653 no Paço de Figueiredo das Donas. Testemunha numa inquirição de genere de 1735, tendo 82 anos de idade, que assina, sendo então moradora na quinta do Ribeiro, em S. Carlos da Folgosa (Vouzela). Casou a 22.4.1686 em Figueiredo das Donas com Paulo de Mello e Souza Girão, senhor da dita quinta. C.g. nomeadamente nos condes de Santar (vide Mello e Souza) [21] . 

 

12.        D. Margarida Cristina de Souza e Vasconcellos, sucessora no paço da Torre de Figueiredo das Donas e no morgadio de Casaínho, onde foi baptizada a 23.6.1651, na dita capela de Nª Sª do Rosário, onde faleceu a 28.1.1697, com testamento, tendo seu marido mandado rezar em Figueiredo das Donas dois ofícios por sua alma. Casou cerca de 1668 com Manuel de Souza de Menezes [22], moço fidalgo da Casa Real, capitão de Mar e Guerra, capitão da Infantaria do Minho nas guerras da Restauração, tenente-coronel de Milícias, mestre de campo de Auxiliares e superintendente da Cavalaria de Aveiro, nascido cerca de 1624 na casa de Penteeiros (Ponte de Lima) e falecido a 3.8.1700, viúvo, sem testamento, no seu paço de Figueiredo das Donas, sendo sepultado no seu "túmulo grande que está no meio da igreja". Era irmão mais novo do capitão-mor e governador de Aveiro Gonçalo de Souza de Menezes e 4º neto do 3º vice-rei da Índia D.Garcia de Noronha.

12.1.  Damião de Souza de Menezes e Noronha, nascido na quinta dos Freixos (ou palácio da Santo), em S. Martinho de Salreu, cerca de 1669, e falecido solteiro a 11.1.1697 no paço da Torre de Figueiredo das Donas, com cerca de 28 anos de idade, sendo "sepultado na sepultura grande que está no meio da igreja e é sua própria".

12.2.  D. Joana Micaela de Noronha de Souza de Menezes, nascida cerca de 1671, casou em 1688 com Pedro de Roxas de Azevedo, nascido em Paris em 1660 e falecido a 15.3.1745 em Lisboa, fidalgo da Casa Real (1670), conselheiro da Fazenda da capa e espada, provedor da casa da Índia, alcaide-mor de Portalegre (13.1.1713), etc., filho do doutor João de Roxas de Azevedo, nascido em Madrid, desembargador, chanceler-mor e ministro do reino, secretário da Casa de Bragança, embaixador a Roma, do Conselho de S.M.F., etc., e de sua mulher D. Josefa de Contreras. C.g. na Casa da Trofa, etc.

12.3.  Luiz Lourenço de Souza e Vasconcellos, moço-fidalgo da Casa Real com 1.000 reais de moradia (25.6.1698), foi professo da Ordem de Cristo, tendo a 15.11.1678, com apenas 8 anos de idade, tomado hábito de noviço no convento de Tomar, tenente-coronel de Milícias, mestre de campo de Auxiliares de Aveiro, etc. Nasceu na quinta dos Freixos (ou palácio da Santo), em S. Martinhode Salreu, cerca de 1669, e sucedeu na quinta do Paço de Figueiredo das Donas, onde faleceu depois de 1729. Teve vários filhos de sua criada Isabel Lourenço Teixeira, com quem veio a casar antes de morrer, a 11.9.1725 em Figueiredo das Donas. Foram dispensados no 1º grau de afinidade (por terem filhos, vários dos quais testemunharam o matrimónio).

12.3.1.  (N) D. Joana Rita de Souza de Menezes, que aparece no casamento dos seus pais como filha mais velha. Deve ter mudado de nome e ser a Josefa baptizada a 29.6.1698 em Figueiredo das Donas, filha de Isabel, solteira, que deu por pai Luiz de Souza de Menezes, sendo padrinhos Pedro de Souza, irmão do dito Luiz, e D. Maria. Faleceu solteira.

12.3.2.  (N) D. Margarida Cristina de Souza e Vasconcellos, que aparece no casamento dos seus pais como filha 2ª. Deve ter mudado de nome e ser a Micaela, baptizada a 6.3.1700 em Figueiredo das Donas, filha de Isabel, solteira, que deu por pai Luiz de Souza de Menezes, sendo padrinhos António de Almeida e D. Rosa, irmã do dito Luiz. Faleceu solteira.

12.3.3.  (N) Luiz António de Souza de Menezes, que esteve presente no casamento dos seus pais, tinha já 23 anos de idade. É certamente o Luiz baptizado a 30.1.1702 em Figueiredo das Donas, filho de Isabel, solteira, que deu por pai Luiz Lourenço de Souza de Menezes, sendo padrinho Lourenço Teixeira, irmão da dita Isabel. Acabou por suceder no paço da Torre de Figueiredo das Donas, onde viveu solteiro. Teve vários filhos naturais. Uma Caetana, solteira de Rial, filha de Francisco Rodrigues e sua mulher Maria Francisca, deu-o por pai de sua filha Perpétua, baptizada a 15.7.1730 em Figueiredo das Donas. E de Tereza Angélica Pinto, solteira de Salreu, filha de Gonçalo Pinto e sua mulher Luiza de Campos, moradores na vila de Estarreja, teve pelo menos uma filha, D. Joana Luiza de Souza de Menezes, que sucedeu no paço da Torre de Figueiredo das Donas, onde viveu casada com Caetano de Mello da Silva e Vilhena, n. em Pena (Povolide), senhor da quinta do Tojal, filho dos senhores casa das Varandas, em Coimbra. C.g., nomeadamente nos condes do Côvo. 

12.3.4.  (N) D. Maria Madalena de Souza de Menezes, que aparece no casamento dos seus pais como filha mais nova. É certamente a Maria, baptizada a 21.3.1709 em Figueiredo das Donas, filha de Isabel, solteira, que deu por pai Luiz Lourenço de Souza de Menezes, sendo padrinhos Paulo de Mello e sua irmã D. Ana, da quinta do Ribeiro. Faleceu solteira.

12.4.  D. Ana de Souza de Menezes e Noronha, falecida solteira.

12.5.  D. Maria Madalena de Souza de Menezes e Noronha, nascida em 1670 no paço da Torre de Figueiredo das Donas e falecida viúva a 2.2.1757 na sua quinta de Cabanões, em Ois da Ribeira (Águeda), indo a sepultar no panteão dos senhores da Trofa. Conforme sobre ela referem as testemunhas nas inquirições de genere de seus netos para as ordens de Malta e de Santiago, foi uma "das pessoas mais ilustres e fidalgas destes Reinos". Casou a 13.3.1696 na capela e Nª Sª do Monte, em S. Martinho de Salreu, por procuração de seu irmão Luiz de Souza e testemunha seu tio o governador Gonçalo de Souza de Menezes, tinha ela apenas 16 anos de idade, com seu primo Bernardo de Carvalho de Lemos, 8º senhor de juro e herdade da Trofa, de Pampilhosa e de Álvaro (28.5.1699), 12º senhor de juro de herdade de Jales e Alfarela, 4º morgado de Lamarosa, em Tentúgal, morgado de Vila Maior (S. Pedro do Sul), moço fidalgo da Casa Real, com moradia de 100.000 reais (24.2.1685), indo a Índia com 10.000 reais de ajuda de custo para a viagem (20.3.1685), mestre de Campo de Auxiliares de Aveiro, comendador de Cambra e Stª Mª de Ventosa na Ordem de Cristo, etc., baptizado a 21.1.1645 na capela do morgadio de Lamarosa e falecido a 2.9.1704 no seu palácio da Trofa, sendo aí sepultada no panteão da família. C.g. na Casa da Trofa, etc. [23]

12.7.  D. Luiza de Souza de de Menezes, nascida cerca de 1679, que casou com seu primo Manuel de Souza Machado, senhor da quinta da Lage, em S. Pedro dos Arcos (Ponte de Lima), s.g.

12.8.  D. Rosa Maria de Souza de Menezes de Noronha, nascida no paço da Torre de Figueiredo das Donas cerca de 1680. Casou depois de 1700 com Luiz Pimenta de Távora e Lemos, senhor da quinta da Aveleira, em S. João de Pencelo (Guimarães), c.g.

12.9.  D. Josefa Micaela de Souza de Menezes e Noronha, nascida cerca de 1682 no paço da Torre de Figueiredo das Donas, onde faleceu solteira.

12.10. Pedro de Souza de Menezes, nascido no paço da Torre de Figueiredo das Donas cerca de 1684, matriculado em Leis na Universidade de Coimbra entre 1705 e 1708. Faleceu solteiro. 

 

1999

 


Notas

[1] Vide José Augusto de Sotto-Mayor Pizarro, Os patronos do Mosteiro de Grijó: evolução e estrutura da família nobre séculos XI a XIV. Ponte de Lima: Carvalhos de Basto, 1995, e Bernardo de Vasconcellos e Souza, Os Pimenteis. 

[2] António F. da Franca Ribeiro in Memorial das Famílias do Cadaval, "Raízes e Memórias", nº 16, identifica este Estêvão Leitão, sem provas, com o filho de Martim Ferreira Leitão, no nº 4.7.1, portanto bisneto de Vasco Martins Leitão, o que é um anacronismo. 

[3] Alão diz apenas que foi desembargador da Casa do Cível. Na IG do Stº Ofº de seu neto diz-se que foi desembargador e ministro. Na IG da Leitura de Bacharéis do mesmo, diz que morreu corregedor da comarca de Tomar e foi muitos anos "julgador d'el rei".

[4] Alão de Moraes, em "Leitões Barretos - Sousas", diz que o Doutor Sebastião Martins Leitão casou com D. Isabel Telles Barreto, filha de João Telles Barreto e de sua mulher D. Catarina Corrêa e neta de Fernão Pereira Barreto. Mas Gaio dá a este João Telles Barreto e sua mulher Catarina Corrêa uma única filha, justamente Isabel, mas casada com Duarte Moniz. 

[5] Segundo Gaio, filha de Álvaro Mendes, de Vila Nova de Portimão.

[6] É o Fernão Pereira Barreto, fidalgo da Casa Real, que com sua mulher D. Catarina de Sequeira acrescentam clausulas ao seu morgadio, num documento sem data da Chancelaria de D. Manuel. A estes, contudo, Alão dá, noutro local, apenas uma filha, Mécia de Sequeira, c.c. o capitão de Azamor Pedro Mascarenhas. Este Fernão Pereira Barreto era irmão do referido Pedro Barreto, comendador de Castro Verde, ambos filhos de Gonçalo Nunes Barreto, o Moço.

[7] Irmã de D. Violante de Sequeira (c.c. o 2º senhor da Trofa Diogo Gomes de Lemos) e do célebre Jorge de Aguiar, capitão-mor do Mar e da Costa da Etiópia e da Arábia, que em 1508 seguiu para a Índia como capitão-mor de uma grande armada, já nomeado para substituir D. Francisco de Almeida como vice-rei, mas que morreu no caminho, num naufrágio. Todos estes eram filhos de Pedro Afonso de Aguiar, fidalgo da Casa Real, capitão de Armada na Índia, etc., e de sua mulher D. Mécia de Sequeira, dama da corte da rainha D. Leonor e aia da infanta Stª Joana; neta paterna de Diogo Afonso de Aguiar (filho do alcaide-mor de Montemor-o-Novo Pedro Afonso de Aguiar); e neta materna de Francisco Anes de Torres, amo da rainha D. Isabel (mulher de D. Afonso V), morgado de Ponte da Ceira (1.2.1450), senhor da quinta de S. Pedro Fins, no termo de Montemor-o-Velho (29.3.1454), etc., e de sua mulher Violante Álvares de Sequeira, irmã de D. Frei Diogo Alvares de Sequeira, comendador-mor da Ordem de Aviz, ambos filhos do alcaide-mor de Lisboa Álvaro Gonçalves de Sequeira.

[8a] Que não era, como dizem, a filha de Diogo Pereira, comendador-mor de da Ordem de Santiago e governador da Casa do infante D. João, mas sim sua sobrinha. Vide a nota seguinte.

[8b] Esta D. Inez nasceu cerca de 1384 e o conde D. Pedro de Menezes nasceu entre 1370 e 1375. Afonso de Torres diz que Gonçalo Nunes Barreto o Velho casou com D. Inez, que "dizem humas memorias que era filha de Rodrigo Esteves de Aragão, porem na família dos Menezes não se dá este casamento". Alão, que em geral segue muito Torres, diz que Gonçalo Nunes Barreto o Velho casou com "D. Inez, fª de D. Telo, castelhano". O certo é que a peregrina ideia de que esta D. Inez era filha do conde D. Pedro de Menezes só surgiu nas atabalhoadas genealogias dos séc. XVIII e XIX. O "Livro de Linhagens do Séc. XVI" não a refere entre as filhas legítimas ou bastardas do conde D. Pedro. Mas, sobretudo, nem a cronologia nem a circunstância sociológica e documental o permitem. Analisando os filhos e netos desta D. Inez, verifica-se que os homens usaram sempre o nome Telles e não Menezes, a começar logo pelo filho João Telles, que documento sempre assim (e pelos filhos deste, que usaram Telles Barreto) e pelo neto Afonso Telles Barreto (filho de Gonçalo Nunes Barreto, o Moço). E só as mulheres usaram Menezes, na verdade apenas duas netas: D. Isabel de Menezes (irmã deste Afonso e casada com o senhor da Barca e Nóbrega Gil de Magalhães), e D. Maria de Menezes (filha do alcaide-mor de Silves Henrique Moniz e 2ª mulher de Rui Gomes da Grã). Apesar de, ainda nesta época, ser comum nos Menezes o uso apenas do nome Telles, este facto faz-me inclinar para a informação de Alão e aceitar provisoriamente que D. Inez era filha de um castelhano D. Tello, que podia ou não ser da linhagem Menezes. Nesta época o uso do Dona pela senhoras era muitíssimo restritivo e obtinha-se, em regra, de duas formas ordinárias e uma extraordinária. Esta era a mercê real. As outras eram o pai ser Dom ou, não o sendo, a mãe ou a avó paterna (sogra) serem Donas. Assim, tendo em conta que, pelo menos a antedita D. Isabel de Menezes casada com Gil de Magalhães, a documento coevamente, ainda solteira, como Dona, e como Gonçalo Nunes Barreto o Moço não era Dom, temos de concluir que ou a mulher ou a mãe deste eram Donas, ou ambas. As genealogias tardias dizem que Isabel Pereira, mulher de Gonçalo Nunes Barreto o Moço, era filha do comendador-mor Diogo Pereira e já viúva de D. Álvaro de Castro. Neste caso, teria o Dona. Mas isto é mentira. Com efeito, a 20.10.1450 D. Afonso V confirmou a tença sobre 2.000 coroas a D. Álvaro de Castro, cavaleiro, criado do infante D. Henrique, e a D. Isabel Pereira, sua mulher, filha de D. Maria de Resende, 2.000 coroas que eram devidas por razão do casamento com D. Diogo Pereira (documentos insertos de 6.10.1431; 9.12.1433, 12.6.1435, 18.5.1440 e 1.1.1442). E a 22.1.1463 o mesmo rei confirmou a D. Isabel Pereira, viúva de D. Álvaro de Castro, o direito exclusivo das saboarias de sabão preto na cidade de Évora e suas comarcas, conforme carta do infante D. Henrique. Ora, Gonçalo Nunes Barreto faleceu depois de 1475 e já estava casado com Isabel Pereira em 1436. Logo, esta Isabel Pereira não podia de modo algum ser a D. Isabel casada com D. Álvaro de Castro. Aquela D. Isabel Pereira, de resto, teve o Dona pelo marido, e seus pais só se documentam com Dom e Dona depois de mortos, documentando-se sem eles enquanto vivos. Resta acrescentar que a origem da informação genealógica errada segundo a qual Gonçalo Nunes Barreto foi genro de Diogo Pereira, comendador-mor da Ordem de Santiago, e de sua mulher Maria de Rezende, parece ter origem em Alão e deve certamente residir numa doação de D. Duarte de 1.12.1433 a Gonçalo Barreto, "nosso criado cavaleiro da nossa Casa" da renda da portagem e do relego de Loulé, que fora de "marja de Reeseende molher que foy de diego pereira que foy comendador moõr da hordem de Santiago E gouernador da cassa do jffante dom Joham meu Irmaao". Mas trata-se, como fica claro no texto, de uma mercê nova, e não de uma sucessão. De resto, como vimos, em 1450 a filha destes Diogo Pereira e Maria de Rezende estava casada com D. Álvaro de Castro, sendo dele viúva em 1463. E Gonçalo Nunes Barreto só faleceu depois de 1475. Na verdade, como proponho no meu “Ensaio sobre a origem dos Carvalhal”, a Isabel Pereira casada com Gonçalo Nunes Barreto não era filha mas sim sobrinha do comendador-mor Diogo Pereira, filha do 1º casamento de sua irmã Beatriz Pereira. Sendo certo que Isabel Pereira não era Dona, teria de ter sido Dona a Inez Telles mulher de Gonçalo Nunes Barreto o Velho. Ou seja: se Isabel Pereira alguma vez usou Dona, foi pela sogra. E era pela avó (paterna) que a antedita D. Isabel de Menezes tinha o Dona. Neste contexto, como interpretar um estranha carta real 16.1.1526 de mercê ao bastardo madeirense Vasco Martins Moniz, que reza o seguinte: “Dom Joham cetera a quamtos esta minha carta virem faço saber que Vasco Martins Moniz morador na minha ilha da Madeira me enviou dizer que por ele ser filho de Vasco Martins Moniz e neto d'Amrique Moniz, alcaide mor que foi de Silves e de Dona Ines Barreta sua mulher e bisneto de Dona Isabel Pereira tamto que ele Vasco martins supricante casara com a filha de Tristão Teixeira, capitão de Machico, a dita sua mulher se chamara ate hora de dom pedindo me por mercê que por a ordenação nova sobre tal caso feita nam decrarar senão que as mulheres podessem tomar dom de suas mães ou sogras se lhe pertencessem de direito às ditas mães e sogras e de ele ser bastardo lhe prouvesse a elle e visto por mim o seu requrimento querendo-lhe fazer mercê pelo da Excelente Senhora minha muito amada e prezada prima que me isto por ele pediu hei por bem que a mulher do dito Vasco martins se possa chamar e chame de dom como se chamava antes da dita ordenação nova e te ora se chamou sem embargo de a dita ordenação nam decrarar se pode a mulher tomar dom da avo de seu marido e sendo bastardo”. Este bastardo madeirense Vasco Martins Moniz está necessariamente correcto ao referir os avós como Henrique Moniz e sua mulher D. Inez Barreto, pois esta teria de ter o Dona, como vimos. Mas para quê referir uma bisavó D. Isabel Pereira? Pura ignorância ou confusão de bastardo? A nós, que sabemos destas coisas, pode parecer estranho que alguém não saiba quem foram os bisavós. Mas a verdade, constatável hoje em qualquer esquina e até na nossa própria família, é que isso é um facto bem mais comum do que possamos pensar… Sobretudo para um bastardo, lá na Madeira, que certamente não conheceu nenhuma das pessoas em causa. Como já expliquei, D. Inez Barreto (mulher de Henrique Moniz) não podia de forma alguma ser filha de Gonçalo Nunes Barreto o Moço. Quer este Gonçalo quer esta D. Inez casaram na mesma altura, cerca de 1435, e são indubitavelmente irmãos, filhos de Gonçalo Nunes Barreto o Velho. Portanto, o bastardo madeirense não era bisneto de (D.) Isabel Pereira, mas sim seu sobrinho-neto. Era bisneto, sim, de Beatriz Pereira (casada com o inicial Vasco Martins Moniz), mas que não tinha Dona. A ignorância do bastardo madeirense é muito para lamentar, pois podia ter-nos resolvido o problema da D. Inez Telles. Na verdade, vê-se pela carta que na família ainda então não havia a prosápia de descenderem do conde D. Pedro de Menezes, caso contrário ele não teria deixado de invocar isso na petição. Mas se estivesse devidamente informado de que o direito ao Dona vinha da bisavó D. Inez Telles, talvez também soubesse a sua filiação e a deixasse dita. Resta considerar a hipótese de o Menezes que usaram as netas de Gonçalo Nunes Barreto o Velho não vir de D. Inez Telles, que poderia assim nem ser Menezes, mas sim de D. Berengaria Rodrigues de Menezes, bisavó do dito Gonçalo Nunes Barreto o Velho.

[9] Alão chama-lhe D. Oriana Barreto.

[10] Deste Licenciado Martim Leitão foi filho natural Belchior Leitão, que teve foro de moço da câmara da Casa Real.

[11] Alão diz que destes parece ser neto o Dr.Martim Leitão de Vasconcellos, provedor de Moncorvo, que deve ser o homónimo que Gaio dá como filho do Dr. Gaspar Barreto de Brito, s.m.n. Gaio dá ainda como filhos um D. Manuel, cónego de Stº Agostinho, e uma Maria de Brito.

[12] Tanto aparece como Dr. Gaspar Barreto de Brito como apenas Dr. Gaspar Barreto.

[13] Este cargo é referido na IG de seu filho.

[14] Vide "Estudantes da Universidade de Coimbra naturais de Castelo Branco", 1955, de Francisco Morais e José Lopes Dias.

[15] Filho de Fernão Pereira, natural de Elvas, e sua mulher D. Inez Pereira de Castro, e neto paterno de Lourenço Vaz Pereira e sua mulher D. Beatriz Pereira cuja ascendência desconheço. Contudo, o abade de Prozelo, no manuscrito da sua ascendência, refere um Lopo Pereira casado com Leonor Nunes de Barros "de q ve os s.rs de Fig.do das Donas". Este casal teria vivido no séc. XV, uma vez que ela era neta paterna de Gonçalo Nunes de Barros, cavaleiro e comendador da Ordem de Malta, senhor de Entre-Homem-e-Cávado (1388), de Castro Daire e do préstimo de Prozelo. Vide "Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII", Porto 2004, do autor deste estudo.

[16] D. Damásia de Souza era filha sucessora de Fernão da Fonseca e Castro, senhor da quintã e torre de Bendavizes (Fataúnços, Vouzela), e de sua mulher D. Beringueira de Souza, herdeira da quinta, paço e torre de Figueiredo das Donas, conforme se documenta no assento de seu casamento. No mesmo paroquial existe uma nota, sem data, próxima de registos de 1593. onde se subentende que então já tinha falecido, referindo que havia obrigação de 10 missas por sua alma, impostas num casal que ficou para sua sobrinha D. Damásia. E logo a diante outra nota, também sem data, que diz o seguinte: "Capelas – três missas que he obrigação dizer à sra dona Damásia, uma da Santíssima Trindade, outra do Espírito Santo e outra do Srº do Altar mor". Seu pai, Fernão da Fonseca, era irmão de Beatriz da Fonseca, que foi 2ª mulher de Miguel de Figueiredo que em 1511 fez justificação de nobreza. Aquela D. Beringeira era filha sucessora de João Lopes de Almeida, escudeiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Guiomar de Souza (já casados em 1501 quando recebem do Cabido de Viseu o prazo de uma casas na rua do Miradouro), dama da Casa da rainha, herdeira da quintã de Figueiredo das Donas, filha de João de Souza Falcão, fidalgo e vedor da rainha D. Leonor, e de sua mulher D. Mécia Vaz de Almada, filha esta de João Vaz de Almada (meio-irmão do 1º conde de Abranches), senhor de juro e herdade de Pereira, rico-homem e do Conselho de D. Afonso V, que a 24.3.1463 lhe doa uma tença de 37.337 reais, e de sua mulher D. Violante de Castro. Aquele João Lopes de Almeida fez o paço e torre de Figueiredo das Donas, na quintã que teve por sua mulher, era filho de Pedro Botelho, fidalgo natural de Pombal, vedor da Fazenda até 8.5.1475, e de sua mulher Briolanja de Almeida, que segundo as genealogias tiveram a quinta de Travassos, em France (Viseu), sendo ela filha dos 1º condes de Abrantes ou apenas filha natural dele. A filiação de João Lopes de Almeida fica documentada na carta de perfilhação feita a 15.3.1494 no tabelião de Lafões Fernão Gonçalves (Livro 1 da Beira, f.239), por suas tias Catarina de Almeida e Isabel de Almeida, moradoras no termo do concelho de Lafões, "que o criaram de moço pequeno com grande amor". Num outro documento de 25.11.1472 (Chancelaria de D. Manuel), Fernando de Almeida, alcaide do castelo de Pombal por seu irmão Pedro Botelho, é perdoados por ter deixado fugir um preso, tendo em conta ter estado em Alcácer e Arzila. Estes são certamente irmãos de João Lopes de Almeida. O Fernão da Fonseca que ficou acima, era certamente descendente dos Fonseca referidos no nº 6, que possuíam muitos bens na região de Lafões. O Fernão da Fonseca e Castro que ficou acima era filho de Pedro da Fonseca e Castro, capitão de um navio na segunda tomada de Goa e na de Malaca, senhor da torre de Bendavizes, em Vouzela, n. cerca de 1475 e legitimado por carta real de 1513, e de sua mulher Filipa da Costa Homem. Pedro da Fonseca e Castro e filho "a furto" de Gonçalo da Fonseca, o "Gonçalinho" por ser muito pequeno de corpo embora de muito valor, fidalgo da Casa Real, senhor da torre de Bendavizes, e de D. Maria de Castro, filha esta de D. Pedro de Castro, senhor de Reriz, Sul e Benviver, e de sua mulher D. Tereza de Vasconcellos. Esta D. Maria de Castro foi casada a 1ª vez com Vasco Martins de Resende e a 2ª vez com D. Fernão de Mello. Vide "Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII", Porto 2004, do autor deste estudo. 

[17] Segundo Gaio.

[18] Gaio diz que Jerónimo Barreto "foi Fidalgo de Prendas, os seus amores celebrou Diogo Bernardes naquelles versos q comecão = Silva nestes meus olhos mais fermozos".

[19] Casou como Joana Bernardes de Seixas, mas depois aparece como e como D. Joana de Castello-Branco. Alão chama-lhe D. Joana de Lemos Castelbranco. Vide "Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII", Porto 2004, do autor deste estudo.

[20] Alão chama-lhe Bento Bernardes de Seixas, diz que foi "home rico, E Christão Velho". E acrescenta, em nota de rodapé, que "andava com bestas de recoa alias almocreve". Dizendo que foi casado com a irmã, que não nomeia, de Isabel Madeira, sogra de António Rodrigues de Loureiro. E este António Rodrigues de Loureiro, que justificou a sua nobreza em Viseu a 5.4.1646, de facto casou com Melícia de Vasconcellos, filha de António de Vasconcellos da Costa e sua mulher Isabel Madeira. Conclui-se assim que a dita Isabel Madeira também seria filha do prior Manuel de Cáceres e de uma Inez Madeira. Salvo se Maria de Cáceres e Isabel Madeira eram apenas meias-irmãs por parte de mãe. O certo é que na habilitação para o Santo Ofício (27.7.1673) de seu filho Francisco Bernardes de Seixas e na habilitação para o serviço de Sua Magestade de seu irmão o Dr. Matias Bernardes de Seixas (Leitura de Bacharéis), documenta-se bem que Bento Bernardes de Seixas viveu nas suas casas do Casaínho de suas fazendas, sem ofício algum, à lei da nobreza, sendo dos principais da terra, sendo filho de Manuel Bernardes (de Miranda) e sua mulher Beatriz Antunes de Seixas e neto paterno de Bernardo Dias (de Miranda) e de sua mulher Beatriz da Cunha. Bento Bernardes de Seixas casou com Maria de Cáceres, filha natural de Manuel de Cáceres, prior de Treixedo (1592), onde faleceu prior a 11.9.1626, e de Isabel Fernandes, moça solteira de Nagozela. “O Reverendo Manoel de Caceres Prior ao prezente na Parochial Igreja de Sancta Maria de Treixedo em comprimento do mandado do Illmo Sôr Bispo mostrou seus títulos que foram vistos e aprovados, os quais eram huma Bulla do Papa Clemente Octavo passada no anno de mil quinhentos e noventa e dous pela qual instituia Collava e Confirmava por Abbade da Igreja de Sancta Maria de Treixedo ao Reverendo Manoel de Caceres a qual Igreja vagou per renuncia que della fez, causa permutationis, em as mãos de Sua Santidade o Reverendo Antonio de Caceres derrogando por esta vez Sua Santidade o Padroado da dicta Igreja de Treixedo que pertence ao Mosteyro das Freyras de Lorvam a qual Bulla foy vista e aprovada pelo Lecenceado André Leytam Vigario Geral Juiz appostolico, e por vertude da dicta Bulla foy o Reverendo Manoel de Caceres instituido Collado, e confirmado em Abdade da dicta Igreja pello Lecenceado André Leytam Juiz apostólico da Bulla no ano de mil e quinhentos noventa, e trez aos dous dias de Janeiro. E Eu Joam de Aguiar Escrivam do Registo o sobscrevy a dezanove de Março de mil seiscentos e trez” (“Termo do Livro do Registo per q consta ser Collado na Igja de Treixedo Mel de Caceres” (Livro dos Registos da Câmara Eclesiástica de Viseu). O Prior Manuel de Cáceres era filho de D. Antónia de Cáceres e de seu marido Manuel de Abreu Castello-Branco, FCR, mamposteiro-mor dos Cativos do bispado de Viseu, e sobrinho-neto do Padre António de Cáceres, que o antecedeu como prior de Treixedo. Vide "Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII", Porto 2004, do autor deste estudo.

[21] Alão diz que "esta dizem que pariu antes de casar". Sendo um facto que casou tardiamente, com 33 anos de idade. 

[22] Para a ascendência e descendência de Manuel de Souza de Menezes, vide "Sangue Real", Porto 1998, de Manuel Abranches de Soveral

[23] Vide "Sangue Real", Porto 1998, de Manuel Abranches de Soveral. O autor é 7º neto legítimo destes 8º senhores da Trofa.

 
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